A presidente da Associação Cabo-verdiana dos Médicos Dentistas (ACMD) disse que Cabo Verde não pode pensar num “hub” de turismo com base na saúde se a qualidade de prestação de serviço for má.
Carmelinda Gonçalves fez esta declaração à imprensa, à margem do encontro que manteve com o presidente do Conselho de Administração da Entidade Reguladora Independente de Saúde (ERIS), Eduardo Tavares, para manifestar a preocupação da associação, relativamente a fixação de preços dos serviços nas clínicas privadas, que passa a ser regulada pela ERIS.
A presidente da ACMD, que diz esperar “alguma compreensão” por parte da entidade reguladora sobre a matéria, para que não haja retrocesso na saúde em Cabo Verde, é de opinião que o decreto-lei, além de contribuir para um retrocesso e uma paralisação nos investimentos, vai também contribuir para a não inovação e um mau serviço para a população em termos de tratamento.
Na conversa com os jornalistas, defendeu ainda que as alternativas para a melhoria no sector são muitas, ressaltando exemplos com parcerias público-privadas que possam ser desenhadas, apesar de nunca terem sido exploradas.
“Cabo Verde está a falar num ‘hub’ de turismo virado para saúde, mas como pode isso acontecer quando com esta realidade não podemos oferecer qualidade de prestação de serviço?”, questionou, lembrando que a população conta com acesso às comparticipações do INPS, mas que “infelizmente” alguns itens que eram comparticipados saíram da tabela do instituto, enquanto outros aumentaram.
Segundo a mesma fonte, o impacto de uma fixação de preços através de um decreto-lei, que “surgiu sem qualquer estudo prévio”, pode ser complicado para um país como Cabo Verde.
“A tabela existente data de 2006 … e o sector da saúde oral tem estado a absorver o impacto das mudanças ao longo de 20 anos, sem sabermos de onde saiu essa assimetria”, reiterou, salientando, por outro lado, que em Cabo Verde não existe um plano de saúde oral implementado e nem a carreira de médico dentistas implementada no sector público.
