Ilha do Sal: Presidente da Câmara do Turismo acautela que aumentar os custos é tirar competitividade ao destino

0
318

O presidente da Câmara do Turismo de Cabo Verde, Jorge Spencer Lima, avisou, quinta-feira, que aumentar os custos da taxa de turismo, por exemplo, é tirar a competitividade ao destino, questionando que quem vai pagar são os cabo-verdianos.

Jorge Spencer Lima falava no encontro dos empresários locais, programado com o Presidente da República, José Maria Neves, no âmbito da sua visita de quatro dias do, ao Sal.

Segundo a mesma fonte, aumentar a taxa de turismo de dois para dois euros e meio, um aumento equivalente a 25%, é um “exagero”.

“É um exagero, o sector não foi ouvido, ninguém nos perguntou qual é a nossa opinião. Resolve-se os problemas aumentando os custos, mas aumentando os custos, estão-nos a tirar a competitividade ao destino”, acautelou.

“Temos que ter esta consciência. Tem-se que entender que vendemos o País, os pacotes, com praticamente um ano de antecedência, e ao se aumentar os custos em cima da hora, alguém vai sofrer, porque a agência que vendeu o pacote, não quer saber… está vendido, está vendido. Não é seu problema se a taxa turística aumentou”, explicou, criticando outro aumento, desta feita, relativamente a Seguros de Acidentes de Trabalho.

Ao fazer esta análise, Jorge Spencer Lima exterioriza dizendo que assim “fica difícil trabalhar”, defendendo o diálogo e concertação em vez de se tomar medidas “sem ouvir ninguém”.

O encontro, com os empresários locais, foi agendado com vista ao Presidente da República ouvir alguns problemas da classe, contando com a sua influência de magistratura no sentido de resolução.

Reiterando que o turismo é um sector “extremamente importante” para Cabo Verde, que contribui com 25 por cento (%) do Produto Interno Bruto (PIB), Jorge Spencer Lima disse que isso mostra o “respeito que é devido” ao sector para que o País funcione.

“E para que as coisas entrem no seu devido lugar. Nós temos de parar de pensar que o turismo é a galinha de ovos de ouro, que só põe ovos, mas não se lhe dá de comer…”, condenou, reiterando que o turismo deve ser encarado não como mais valia para o País, mas que dá e recebe.

Neste sentido, para ilustrar, disse que exemplo claro tem a ver com a taxa do turismo, a qual é arrecadada com a presença dos turistas em Cabo Verde, entretanto nenhuma parte do dinheiro é investido directamente no sector do turismo.

“Podemos dizer que indirectamente, ao fazer as casas sociais…esse tipo de investimento, mas isso é uma outra realidade. Quando dizemos investir no sector do turismo, estamos a dizer que uma parte dessas receitas deve voltar para o sector directamente e não indirectamente, para criar condições de trabalho, prestação de serviços, mais qualidade, qualificação profissional (…), tudo isso tem de ser feito”, explicou.

A mesma fonte, segundo a qual há mais de 30 anos vem ouvindo os governantes a apregoar que querem um turismo de qualidade, questiona como é que se quer um turismo de qualidade num destino que “não é” de qualidade.

“Falar é fácil. Antes de começarmos a falar de turismo de qualidade… vamos investir e transformar o destino, num destino de qualidade, fazer que as coisas funcionem”, desafiou, exemplificando, que em Santa Maria os turistas estão a almoçar com cachorros ao lado.

“Isso é qualidade? Não se pode querer qualidade, quando nós vamos visitar os pontos turísticos, circulamos por estradas sem condições, mal-acabadas… e querem que venham turistas de qualidade”, ironizou, elucidando que o turista de qualidade vem para pagar, mas também para ter um retorno de qualidade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor insira seu comentário!
Por favor, insira seu nome aqui