Antropólogo cabo-verdiano diz que Santo Antão tem condições para ser património natural da humanidade

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Santo Antão, ou pelo menos, a maior parte desta ilha apresenta requisitos para ser património natural da humanidade, acredita Alcides Lopes, activista cultural e mestre em Antropologia, partilhando a posição de uma grande franja da população sobre esta matéria.

Autarcas, agentes culturais, operadores turísticos, empresários e os cidadãos, de uma forma geral, têm estado a defender a necessidade de o Governo, conjuntamente com os municípios, avançar junto da UNESCO, com a candidatura de Santo Antão a património natural da humanidade.

Alcides Lopes, autor da obra “Os Tamboreiros da Ilha das Montanhas”, que esta sexta-feira apresentou no Porto Novo, o livro em apreço, disse acreditar que, pelo menos, uma parte da ilha de Santo Antão tem condições para ser declarada património natural da humanidade.

Natural do Porto Novo, licenciado em música e mestre em antropologia, Alcides Lopes admitiu ter a informação de que a própria UNESCO concorda com a certificação de algumas zonas de Santo Antão como património natural da humidade, o que seria “uma mais-valia” para esta ilha.

É que, além das vantagens do ponto de vista cultural, esse estatuto teria forte impacto para o sector turístico, dois sectores que se alimentam um do outro, frisou.

Corda, Fontainhas, Tarrafal de Monte Trigo, os Planaltos Leste e Norte estão entre os sítios em Santo Antão com potencial para serem certificados como património natural da humanidade, no entender dos autarcas e dos agentes turísticos, na ilha.

A Associação dos Municípios de Santo Antão (AMSA), que terá feito em 2009 ao Governo, uma primeira proposta de candidatura da ilha a património natural da humanidade, indica que vai continuar a “lutar” para que a ilha venha, no futuro, a ter esse estatuto.

“Temos, efectivamente, um grande potencial. Há que continuar a envidar esforços para que, pelo menos, algumas zonas venham a ser certificadas como património da humidade”, defende Orlando Delgado, presidente da AMSA, sublinhando que “toda a gente que visita Santo Antão fica fascinada com esta pérola que é um património que tem de ser preservado”.

O próprio Governo já admitiu que, pelo menos, Fontainhas, Corda e Tarrafal de Monte Trigo, além do “grande potencial económico” que apresentam, dispõem ainda de “muitas vantagens ambientais”, que devem ser preservadas e aproveitadas.

A Inforpress sabe que um grupo de cidadãos em Santo Antão tem estado a trabalhar no processo de candidatura da aldeia de Fontainhas a património natural da humanidade.

Fontainhas, segundo o site do turismo, Viral Planet, integra o “ranking” dos 25 sítios mais belos do mundo, ocupando a décima segunda posição.

Em 2016, essa localidade foi eleita, pela Nacional Geographic, para o “Top 10” dos sítios como a melhor vista do mundo.

Segundo os ambientalistas, os Planaltos Leste e Norte têm, igualmente, todas as condições para conseguir o estatuto de património natural da humanidade, por serem “um marco de biodiversidade”.

Alcides Lopes, residindo actualmente no Brasil, aproveitou ainda a apresentação do seu livro, inserida no âmbito das comemorações do Dia do Município do Porto Novo (02 de Setembro), para propor a criação de uma associação de tamboreiros em Santo Antão para a defesa e promoção da tradição do tambor, um dos principais traços das festas juninas desta ilha.

O mesmo questionou também sobre as razões que têm impedido ainda Porto Novo de ter uma biblioteca municipal, um desejo acalentado há anos pelos portonovenses, lembrou.

O livro “ Os Tamboreiros da Ilha das Montanhas, “fruto” da pesquisa de mestrado em Antropologia defendida, em 2015, pelo autor na Universidade Federal de Pernambuco (Brasil), tem como objecto de análise as festas do “Colá son Jon” no Porto Novo.

A apresentação deste livro, em que o autor analisa a actuação dos principais músicos da festa, os tamboreiros, acontece numa altura em que o Instituto do Património Cultural (IPC) está a trabalhar, com a Câmara Municipal do Porto Novo, no projecto de elevação dessa manifestação cultural, considerada uma das maiores e mais intensas em Cabo Verde, a património imaterial nacional.

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